Bionick Movies: Como iniciou esse gosto pelo cinema e como foi o teu começo no cinema?
Alex Duarte: Eu sempre me cobrei desde muito pequeno, a responsabilidade profissional. E como ainda muito criança, na escola, sem poder trabalhar, me envolvia com o grêmio estudantil, a criação de um jornal mensal e outras atividades similiares. O cinema apareceu logo depois, aos 12 anos de idade. Influenciado naquela época pela trilogia dos filmes Pânico, do diretor Wes Craven, veio a nascer meus primeiros roteiros. E eu era daqueles cinéfalos vidrados em filmes de terror. Eu não comecei asstindo "Cidadão Kane", "O poderoso chefão" e outras obras importantes da história do cinema.
Eu comecei do avesso, gostando do terror, do suspense ou do trash. Mas o importante foi que eu comecei. E que as coisas começaram a dar certo. Aos 16 anos, em 2003, resolvi que era hora de produzirr. O jeito foi compartilhar minha pretensão maluca com os amigos mais chegados, aqueles que te acompanham em tudo. Juntamos um boa galera e fomos a luta. Com 300 pila no bolso e um cinegrafista de uma pequena produtora,fizemos o filme acontecer. Jamais irei esquecer a imensa fila no dia do lançamento, que dobrava duas quadras da Praça Matriz de São Luiz Gonzaga. Jamais vou esquecer também das críticas após a exibição, é claro. Eram mais críticas, do que elogios. Eles falavam que nos meus filmes os "mortos se mexiam", de que "a luz está escura". Foi aí que descobri a dura realidade que acabara de me lançar.
No ano seguinte, fiz o segundo filme, intitulado “Jovens em Pânico”, uma seqüência de O Quinteto, agora, com duas produtoras envolvidas e mais gente no elenco. É claro que depois do primeiro, as pessoas viram que a coisa não era brincadeira e que iríamos continuar. Bonito foi ver as crianças acompanhando a seqüência do filme, querendo saber sobre o futuro dos personagens, se iriam sobreviver ou como iriam ficar. A ideia estava dando certo. E deu tão certo assim, que outros aspirantes de cinema começaram a seguir a idéia e a produzir mais filmes também. Surgiram outros longas e curta por toda região. Tanta gente querendo aprender o ofício. O mais engraçado, era que nenhum de nós tínhamos cursos técnicos. Aprendemos sozinhos. E o mais magnífico: todos éramos jovens.
BM: Tens muitos trabalhos amadores, vídeos, curtas metragens?
Alex: Não considero mais meus trabalhos amadores. Levo em conta as aprendizagens em cada produção. Quando me tornei instrutor do curso de cinema pelo Ponto de Cultura ACI- Ação Cultural Integrada e trabalhei no período de três meses como monitor do Projeto Geração Futura, no Canal Futura(RJ), comecei a fazer cinema não para enterter, e sim questionar. Busco sempre isso nas minhas produções. Hoje somo e5 produções, entre curtas, longas, videoclipes e documentários. Um deles, “ONG- Unidos para o Amanhã”, venceu a 17ª edição do Gramado Cine Vídeo em 2009, como melhor vídeo universitário Gaúcho, eleito pelo voto Popular. Outras produções, “A hora da Estrela”, “10 segundos na TV”, SOS e “O Caso Sócrates” foram selecionados em festivais de Cinema, como Vitória/ES, Fortaleza/CE e Gramado/RS. Meu último trabalho, foi a realização do documentário “Haiti- A Missão de Nossas Vidas”, que venceu em 2010, a 18º edição do Festival Gramado Cine Vídeo, com dois troféus: Melhor Documentário Universitário Brasileiro e Melhor de todas as categorias.
BM: Qual foi a inspiração para escrever Cromossomo 21?
Alex: Em 2008, realizei um documentário sobre o dia- dia da Adriele Lopes Pelentir, 23 anos, intitulado “Hora da Estrela”, nome este que ela mesma definiu. O vídeo foi selecionado no Festival de Jovens Realizadores do Mercosul, em Vitória, no ES. Durante o festival, tive a oportunidade de conhecer de perto o mundo dela: seus sonhos, desejos, angústias, medos, aflições e o amor. Além de encontrar a história que eu tanto desejei escrever ao iniciar minha experiência no gênero romance, descobri uma menina inteligente, descolada e com grandes possibilidades de atuar no cinema.
BM: Conta um pouco pra nós qual é a sinopse deste filme?
Alex: O filme conta a história de uma jovem com síndrome de down e um garoto sem a síndrome que descobrem o amor juntos. O envolvimento, desperta na menina down a independência e a sexualidade, e na sociedade um questionamento sobre o envolvimento deste "casal fora dos padrões".
Minha pergunta é Por que não tratar de um assunto como esse? Quem assistir o filme Cromossomo 21, por alguns momentos vai esquecer da síndrome de down, porque vai se envolver com o romance dos protagonistas. Antes de falarmos na síndrome, estamos tratando de uma história de amor, de possibilidades, de desafios e tabus que a própria sociedade impõe. Não queremos falar somente de preconceito. Nossa intenção ao retratar a síndrome, é mostrar a independência do down; o desejo de amar, de ter um trabalho e viver uma vida independente, como todos nós desejamos viver.
A idéia é dar uma imagem de um “sistema” que ninguém conhece exatamente, exceto pais e os professores. Os professores porque são sempre julgados pela sociedade. E os pais, que às vezes por questão de proteção, acabam atrapalhando seus filhos. Então eu fiquei curioso em desvendar isso e mostrar uma história do que realmente poderia ocorrer.
BM: De quem recebeste apoio de verdade?
Alex: Apoio do vizinho, do amigo, da comunidade onde o filme foi realizado e da equipe que abraçou a causa comigo. Também recebemos um pequeno apoio do poder público de São Luiz Gonzaga, das pequenas e médias empresas da nossa região. Mas o filme vem se fazendo através de rifas, brechós e promoções, por isso que eu digo: ele é muito independente.
Não posso deixar de citar o deputado federal Luiz Carlos Heinze que conseguiu o maior valor até agora 8400,00.
Ainda não finalizamos o filme. Mas com apoio e paciência a gente chega lá!
BM: Houve quem prometeu e não cumpriu?
Alex: Sim. As falsas promessas sempre existem ou gente que se aproxima do filme por interesse. Mas a gente dribla estas questões com paciência e união. Tem muita gente bacana caminhando do meu lado. Acho que em algum momento, uma grande empresa ou apoiador, verá o quanto este filme será importante para o Brasil.
BM: O que ainda falta para podermos apreciar este belo filme?
Alex: Ainda restam gravar algumas cenas e refazer outras, mas as imagens já estão com a produtora responsável pela finalização: Galo de Briga Filmes.
BM: Tens alguma previsão de lançamento?
Alex: Temos recebido muitos convites para lançar o filme. Ainda não podemos prometer data, mas nossa intenção é que o longa seja lançado até o final de 2012.
BM: E a distribuição, como vai ficar?
Alex: Ainda estamos em negociação. Primeiro, precisamos finalizar o filme.
BM: pretendes participar de festivais com este trabalho?
Alex: Com certeza. O filme tem que ganhar as telas. As pessoas terão a oportunidade de conhecer um universo cheio de possibilidades que é a síndrome de down.
BM. Tens algum outro projeto em mente, para o futuro?
Alex: A gente sempre tem. Considero a produção do Cromossomo 21 bastante ousada, nao só pela região onde nos encontramos,onde as coisas são mais difíceis, mas também porque conseguimos trazer artistas da tv Brasileira para participar, e driblar a falta de recursos.
Meu próximo projeto será uma ponte entre o Brasil e a África do Sul. Por enquanto, apenas planos.