quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Sobre a profissão de roteirista

A profissão de roteirista

Foram necessários muitas décadas para que se começasse a falar da profissão de roteirista no Brasil. Claro, eles sempre existiram, mas como muitas coisas, esses profissionais faziam parte (e ainda persistem) de um clubinho muito fechado de amigos que escreviam para a TV; de mini-séries a pornochanchadas, de curtas aos longas de sucesso, muitos talentos ainda estão às escondidas em meio aos sacos de farinha (Não sei por que me veio essa imagem de sacos de farinha, mas resolvi deixar assim).

Os novos tempos da tv e do cinema brasileiros

Estamos, sem dúvida alguma, vivendo um novo tempo. Hoje é possível gravar imagens com som e postar diretamente em sites de exibição de vídeos. Claro, não existe mais a terrível mão de obra de ter que comprar a película, filmar, perder algumas latas, mandar revelar, perceber que tudo saiu uma verdadeira porcaria e ter vontade de cortar o próprio pescoço com um serrote, de tanto ódio. Hoje qualquer pessoa que tenha uma câmera fotográfica digital pode filmar os amigos, inventar uma historinha e em seguida ver se ficou bom, se não ficou, tem que ter apenas cara de pau para pedir para repetirem tudo novamente ou, logo após esse pedido, ter pernas suficientes para correr 5 km fugindo deles.

Sobre a qualidade do que é postado em sites de vídeo

Aí é que vem o grande nó que vai ter que ser desfeito. A qualidade da maioria dos vídeos é, no mínimo duvidosa. O som quase sempre é terrível, imagens tremidas e sem graça, péssimos atores, péssima história a contar. Isso quando os vídeos visam apenas mostrar coisas do cotidiano de cada um. Claro, nesse caso um roteirista é TOTALMENTE  desnecessário, até por que normalmente esses vídeos são realizados na base da colaboração e boa vontade dos amigos, que não querem perder um companheiro legal, que possui uma máquina fotográfica legalzinha.

Então onde entra o roteirista nessa estória?

Chegando onde eu realmente queria chegar. O roteirista é um contador de estórias (ou histórias, dá no mesmo), mais exatamente um contador de estórias com imagens sons e diálogos (Syd Field). Ora, produzir um filme é um sonho que custa caro, mesmo tendo nos livrado da maldita película que, em tese, era o que impedia os reles mortais de produzir. Sim, estávamos sendo enganados descaradamente, não é a película que torna os filmes caros, claro que era um custo que não dava para desprezar, mas hoje percebemos que produzir um filme  não é algo fácil. Experimente pegar uma câmera e convidar seus irmãos ou amigos para produzir um filme sério. Se eles aceitarem você estará a dois passo do paraíso. 
Depois das tratativas iniciais, como pagamento de cachês, fornecimento de lanches, deslocamento dos "astros" do seu filme o próximo passo é organizar a sua estória numa sequência lógica de filmagem (não necessariamente de apresentação). Seja o que for que você queira contar, isso deverá estar organizado de forma a ser entendido por todos que participarão da sua produção.

Aí é que entra o roteirista

Roteirista é um contador de estórias (ou histórias) que, utilizando determinadas técnicas de narrativa, irá fazer até a história do Bandido da Luz Vermelha, por exemplo, seja contada de forma atrativa. Se for encomendada para cinco roteiristas fazer um filme sobre esse bandido, com certeza, ao final deste processo (a encomenda do roteiro) você poderá ler cinco roteiros completamente diferentes, com visões e contextos tão diacrônicos e dialéticos que com certeza você terá dificuldades de escolher qual deles filmar.
Mas afinal, por ainda não temos tantos roteiristas quanto médicos ou policiais, ou taxistas, no Brasil?
Eu diria que é por falta de incentivo à profissão. Vemos que as produtoras, depois de conseguir economizar na película, vive querendo economizar nos roteiristas. Isso porque essas produtoras entendem que qualquer estagiário de jornalismo ou publicidade, mesmo sem o devido treino, pode sentar à frente de um computador e escrever uma historinha para eles filmarem. É uma cultura que impede o crescimento da profissão. 
As emissoras de tv e canais, por sua vez, decidiram que já tem roteiristas suficientes para escrever todo o tipo de trabalho necessário, daí pegam um cara que desde sempre escreveu novelas e encomendam um filme de longa metragem. A técnica não é a mesma, a narrativa é totalmente diferente. Por isso que em Hollywood, existem roteiristas de séries e roteiristas de cinema (blockbusters).


O que resta então, aos roteiristas amadores, independentes?

Restam as migalhas (lembram dos sacos de farinha?), participar de editais que, de um modo geral possuem exigências acima das possibilidades da maioria dos roteiristas. Ter uma produtora (empresa) registrada, apresentar planilhas de custos etc, são algumas dessas exigências. Só um pouquinho; eu como roteirista tenho que me preocupar com a produção do que eu escrevo??? Eu não sou produtor, sou roteirista, o que eu quero é escrever estórias e ver os outros filmarem e eu ganhar uma beirada dessa grana, simples assim. Aí tem uma associação de roteiristas na qual, para eu fazer parte tenho que pagar uma mensalidade, sem garantia nenhuma de que algum filme meu vai ser apresentado na telona. 
Será que que vai ser sempre difícil assim para ser roteirista nesse país? 
A qualidade vem com o desempenho e a prática profissional. Se participarmos de concursos que possibilitem apenas escrever e termos um veredito sobre o que escrevemos, tudo bem, desde que se observe imparcialidade nos julgamentos, cartas marcadas já chega a política nacional.

Concluindo

Eu sou um roteirista amador, já tive meus roteiros selecionados em alguns concursos, mas AINDA não fui o vencedor de nenhum desses concursos. Não pretendo desistir de me profissionalizar, estou aqui guardando minhas estórias para um dia brilharem nas telonas desse Brasilzão que é o meu paíz. Quem sabe um dia...

3 comentários:

  1. Nao adianta chorar que o leiteiro nao vem!!!!rsrsrrs

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  2. Nao adianta chorar que o leiteiro nao vem!!!!rsrsrrs

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